Pirapitinga do Sul.
Texto:
Alessio Freire
Fotos: arquivo do autor
Com as constantes intervenções da
“civilização” na natureza, a brycon opalinus, tem se tornado cada vez mais
rara, principalmente devido à degradação ambiental. Suas “irmãs” brycons mais conhecidas são a matrinxã,
a piraputanga e a piracanjuba.
Sua alimentação é composta por insetos,
larvas, crustáceos e pequenos peixes, mas também, frutos, flores e até folhas,
possuindo então hábito alimentar onívoro.
Vivendo em águas límpidas, ela possui uma
excelente acuidade visual, sendo tão arisca e desconfiada quanto à truta.
Porém, mais bem adaptada ao clima tropical, pois diferentemente das trutas, ela
sobrevive em águas com temperaturas superiores a 19° centígrados.
A
Pirapitinga com seu corpo alongado e grande cauda, possui características
marcantes: Uma mancha escura pouco antes da nadadeira caudal e força
desproporcional ao seu tamanho.
O riacho da
Biboca
Para encontrá-las fomos ao riacho da Biboca,
pertencente a Bacia do Rio Grande, ele fica “escondidim” em meio às serras
próximas aos municípios de Guapé e Capitólio, no interior de Minas Gerais.
Trata-se de um curto trecho preservado, que
em parte se deve ao proprietário da fazenda Coromandel, Sr. Ivanir, que não
deixa ninguém matar pirapitingas por lá, e por outro lado, a partir deste ponto
até sua nascente, não há áreas de cultivo e nem habitações em suas margens,
devido ao relevo acidentado.
Rio abaixo, ainda é possível encontrar alguns
pontos de pesca, que vão se tornando mais escassos à medida que o riacho se
aproxima do lago de Furnas, no município de Capitólio(MG). Através de imagens
de satélite, observamos diversas plantações em suas margens, que provocaram o
desmatamento ciliar, assoreamento e falta de condições biológicas para a
sobrevivência da espécie.
Pescando no
ribeirão da Biboca
Após uma boa prosa com o Sr. Ivanir,
proprietário das terras onde fica este trecho do riacho da Biboca e a cachoeira
do Lobo, iniciamos uma caminhada por uma trilha beira rio por cerca de 400
metros até a cachoeira. Vez por outra, era possível visualizar uma Pirapitinga,
que tão logo notava nossa presença, nadava para debaixo das pedras. Tão ariscas
quanto às trutas.
A cachoeira do Lobo é muito procurada por
banhistas, por isto, agendamos nossa pescaria para um dia de semana.
Nesta
pescaria foi à família toda, até a dálmata. Depois de 30 minutos de caminhada
num cenário exclusivo, chegamos ao ponto final. A exuberante cachoeira do Lobo,
com uma queda livre de quase 5 metros, onde se forma um grande poço. Ali a
pirapitingas se agrupam para esperarem os alimentos que vem da grande queda
d’água.
Pescando com
fly
Como já havia pescado por lá em outras
oportunidades, notei que os resultados eram melhores quando a isca podia ser
arremessada logo “nos pés” da cachoeira. Porém com o vento frontal advindo da
queda d’água, realizar estes arremessos era um desafio.
Já sabendo desta dificuldade, para obter
arremessos mais longos, utilizei uma vara de fly classe 6, porém com 10 pés (3,05 metros) de comprimento com
linha sinking.
Um pequeno streamer lastreado verde limão de atado próprio e uma tradicional Black Matuka renderam bons resultados.
Em outros trechos do rio, sem fortes ventos
frontais, equipamentos de fly classe 2 a 4 são ideais para a pesca de
pirapitingas.
As capturas
Na cachoeira, começo arremessando o streamer verde limão atado em anzol de
haste longa nº6, com a expectativa de testar a nova isca levemente lastreada. Consigo
colocá-la na queda d’água, depois de afundar um pouco, dou início ao
recolhimento em velocidade média, e de cara uma Pirapitinga se encanta com a
isca e nada velozmente em direção ao poço, para em seguida escapar.
No segundo arremesso, a pegada típica e a
corrida rápida inauguraram minha vara de mosca, fazendo arquear o longo caniço
de 4 partes. Como o poço era largo, a briga com a Pirapitinga podia ser curtida
tranquilamente, sem riscos de enroscar ou de passar a linha por entre pedras.
As investidas abruptas, não deixavam dúvidas,
havia um grande peixe esportivo na outra ponta da linha.
Era um indicativo de que a pescaria seria
promissora, e foi!
Ao
arremessar, esperava cerca de 5 a 10 segundos, para o afundamento da linha e da
isca, em seguida iniciava o recolhimento com velocidade variando de
média
a rápida, em ambos os casos as pirapitingas atacavam.
Como as pirapitingas já são ariscas, por
serem mineiras, estas ainda pareciam ser mais desconfiadas, sendo assim, após
alguns arremessos era preciso trocar a isca e assim variando entre uma e outra,
foram várias capturas ao longo do dia.
A Luna também curtiu o passeio
Em outros trechos do rio, ainda com fly, o
ideal é utilizar varas mais curtas, de 7’3” pés por exemplo, para facilitar os
arremessos sob árvores.
Neste
caso o líder deve ser transparente e ter
o mesmo comprimento da vara.
Com linha floating é possível experimentar
alguns dry flies (moscas secas) que
flutuam, nestes casos, as capturas serão ainda mais emocionantes.
Para pescar em trechos mais estreitos do rio,
o pescador deve tomar muito cuidado nas aproximações dos pesqueiros, caso
contrário a pirapitinga nadará para debaixo de uma pedra e não sairá de lá tão
cedo.
Dicas:
-Veículo:
O acesso é feito por estrada de terra, por isto evite utilizar veículos muito
baixos.
-Período:
De outubro a março a pescaria é mais promissora, mas é possível pescar o ano
todo.
-Hospedagem:
Na própria fazenda há uma pousada com restaurante e área de camping, procure
saber antes se terão banhistas na pousada.
-
Outras pescarias próximas: Devido à proximidade com o lago de Furnas, vale a
pena dispor de um tempo extra para se dedicar a uma pescaria de tucunarés, seja
em Capitólio ou Guapé.
Fortemente ameaçada de extinção, a Pirapitinga somente sobrevive em riachos oligotróficos, que pode ser traduzido em uma condição original (anterior aos impactos humanos) já denominada por alguns de era oligotrófica.
São águas que apresentam muito baixas concentrações de nutrientes, especialmente compostos de fosfato e azoto.
Diante desta situação, praticar o pesque solte é primordial para evitar a extinção da espécie.
Equipamentos:
Flyfishing – Classes 3 a 6.Para a
pesca na cachoeira comprimento de 9 a 10 pés. Para linha sinking ou sinking
tip: líder de 1,5 metros e tippet 0,30mm
Para
linhas floating: Lider de 1,80 a 2,2 metros com tippet 0,20 ou 0,25mm
Para trechos mais estreitos, varas com comprimento
de 7’3” a 7’6” pés
Iscas: streamers,
dry flies, ninfas, terrestres e imitação de gafanhotos
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