terça-feira, 5 de junho de 2012


Texto:Alessio Freire
Fotos: arquivo do autor

A importância dos afluentes da região.

Entre Três Marias e Pirapora, os principais afluentes são: Rio Espírito Santo, Abaeté, Rio de Janeiro, Tapera e Formoso, estes rios são de vital importância para a fauna ictiológica da região. Com a construção da barragem de Três Marias, as enchentes naturais que abasteciam as lagoas marginais deixaram de ocorrer, dificultando sobremaneira o processo reprodutivo dos peixes. Sendo assim, no período de reprodução, muitos peixes, sobem pelos afluentes do São Francisco, para fazerem a desova, posto que a temperatura da água e o ph se apresentam mais adequados para as espécies nestes locais, pois a água que vem da barragem possui temperatura média anual entre 23 e 24 graus, por sair do fundo do lago, a uma profundidade de quase 70 metros.
As famosas veredas do sertão, fontes de água, caracterizadas pela presença dos buritis, espécie de coqueiro, também tem função primordial na vida destes afluentes, já que suas nascentes contribuem muito para a manutenção do volume de água dos rios menores que ajudam a irrigar o Velho Chico e na maioria das vezes melhorando a qualidade de sua água.



Velhas e novas ameaças ao rio São Francisco

Pesca predatória
Segundo o Sr. Norberto, o número de peixes do rio não aumenta, mas os pescadores profissionais aumentam a cada dia, de acordo com ele, a algum tempo, para se obter uma licença de pesca profissional, o interessado passava por uma pesquisa in loco, onde era verificado se o candidato realmente viveria só da pesca, hoje, conta Norberto, qualquer um pode pedir sua carteira e pescar a vontade. Nota-se então que não há estudos de impacto, referentes ao limite máximo de pescadores profissionais em determinado trecho do rio, lamentavelmente este fato não é exclusividade no São Francisco.

A pesca subaquática em um rio como o São Francisco chega a ser criminosa, pois os peixes estão limitados pelas suas barrancas, diferentemente do que acontece no oceano, ainda de acordo com o vice-presidente da Ong, para lá se dirigem mergulhadores de várias regiões, praticando a pesca subaquática comercial.
Apesar de autorizadas pela legislação vigente, as chamadas redes de caceio, também ocorrem com freqüência no rio, segundo o Sr. Dimas, (foto) pescador profissional que pesca apenas com anzóis, estas redes podem ocupar até 1/3 da largura do rio, e vão descendo “varrendo” o que está pela frente, segundo ele, em suas pescas noturnas, ele tem que sair rápido com seu barco, para não ser também malhado por estas redes.
Matrinxã, capturada com fly






Desmatamento dos cerrados



O desmatamento no cerrado, para dar lugar a pastos, plantações, ou simplesmente para produção de carvão ilegal, também é uma grande ameaça ao rio, pois ali, a água infiltra no solo, alimentando lençóis freáticos, formando as veredas, que são nascentes que abastecem os afluentes do São Francisco, além de manterem um equilíbrio climático e ecológico em meio ao grande sertão.





Potencial para turismo de pesca internacional?
Muitos sabem que o Brasil é um importante destino para a o turismo de pesca internacional, porém, estes turistas na maioria das vezes, freqüentam apenas a Amazônia, em busca da captura de grandes tucunarés, em virtude do forte marketing feito pelos empresários que possuem seus negócios na região e também devido à abundância da espécie e baixa pressão da pesca extrativista, principalmente nas regiões mais distantes de Manaus.
Na Amazônia a pesca é praticada cerca de quatro meses por ano, devido à ocorrência das cheias, para pescar e não matar nenhum peixe, cada turista estrangeiro deixa cerca de U$5 mil dólares no país em média.

O autor e o salminus franciscanus, devolvido após a captura

O Rio São Francisco, na região de Três Marias, está a menos de 3 horas de carro de Belo Horizonte, cidade que possui um excelente aeroporto internacional. No São Francisco, a pesca com iscas artificiais, a preferida pelos turistas estrangeiros pode ser praticada durante seis meses por ano e o peixe é monumental e exclusivo, o dourado, podendo ser capturado com fly ou plugs.
. Mas atualmente, em vez de colher dólares e gordas gorjetas, colhe-se o filé destes peixes para serem vendidos por poucos reais, vimos em um freezer em Três Marias, um dourado de doze quilos, que fora arpoado durante a noite, a carne deste peixe renderá pouco mais de R$300,00. Quanto exatamente ele renderia para o turismo de pesca e para o marketing de pesca do rio São Francisco? Exatamente não é possível afirmar, mas certamente, muito mais do que isto, se tomarmos como base a pesquisa feita na Argentina através de sistema de tageamento, este peixe geraria no turismo de pesca esportiva quase R$5.000,00, sem contar sua excelente carga genética e potencial reprodutivo, que teriam um valor a parte.

Para implementar o turismo internacional de pesca naquela região, é necessário que deixem os peixes viverem mais, para se reproduzirem mais, mobilizando os atores locais: proprietários de pousadas, guias de pesca, pescadores profissionais, restaurantes, órgãos ambientais para que estes analisem em conjunto o que mais vale a pena, vender um peixe por R$300,00 ou por R$5.000,00, neste último caso, vendendo e não entregando, porém esta decisão só pode ser tomada de forma conjunta.
Até hoje, o rio São Francisco cumpre um dos principais preceitos do santo que lhe empresta o nome, “dar mais do que receber”, mas até quando este santo rio suportará as ações extrativistas desenfreadas?

Matrinxãs no Fly - Rio Juruena


MATRINXÃS NO FLY  - Rio Juruena
Texto:Alessio Freire
Fotos: Arquivo do autor

As matrinxãs,são extraordinariamente esportivas ! Segundo o biólogo Alec Zeinad, peixes do gênero Brycon são chamados generalizadamente de matrinxãs, ele afirma que existem mais de 40 variedades de matrinxãs, porém os estudos ainda são incompletos.
   São originárias das bacias Tocantins-Araguaia, Amazônica e há também outra variedade presente na bacia do rio São Francisco.
   Podendo raramente chegar aos cinco quilos, quando fisgada, seja em lagos artificiais ou rios, a matrinxã, faz disparar o coração do pescador, pois imprime grande força em suas corridas, que via de regra são longas e com velocidade constante.
   Como tem grande procura tanto para a prática da pesca esportiva, quanto para o consumo, sua reprodução artificial vem sendo realizada com sucesso, podendo ser encontrada também na grande maioria dos pesque-pagues.
  Onívora, a matrinxã come frutos, sementes, flores, insetos e pequenos peixes, podendo ser capturada facilmente com iscas naturais ou artificiais.
  A matrinxã é relativamente seletiva em sua alimentação e bastante arisca, pois como a espécie está acostumada a se alimentar inclusive de itens que caem na água, sua percepção para os acontecimentos “externos” é bastante aguçada, exigindo muita astúcia do pescador.

    Fisgada com equipamento de fly classe 6, linha floating do tipo bass taper - Rio Juruena - Amazônia

   A matrinxã é descrita como Brycon sp, pertencente a grande família Characidae, de peixes com o corpo lateralmente deprimido e maxilar inferior proeminente.
   Com corpo de coloração prateada, alongado e pouco comprimido lateralmente, com dentes pontiagudos dispostos em várias fileiras no maxilar superior, o peixe poderá cortar a linha com alguma facilidade.
   A variedade mais conhecida pela maioria dos pescadores é a brycon sp. , os locais de pesca mais famosos para sua captura são: Rio Teles Pires, São Benedito, Juruena, Tapajós, Sete de Setembro, Kulene, Cel. Vanick, Xingu, Iriri, dentre outros, além dos rios Araguaia e afluentes.
  Outra variedade de matrinxã pode ser encontrada na bacia do São Francisco, esta possui coloração diferenciada daquelas presentes em outras bacias, trata-se da brycon orthotaenia, com cauda fortemente alaranjada, assim como as nadadeiras auxiliares, sendo mais comumente encontradas a partir da região de Três Marias, em Minas Gerais e em praticamente todos os afluentes do rio São Francisco, atingindo porte similar as suas “primas” da região amazônica (vide  matéria neste Blog).


  Mais raras, as Jatuaranas que também são denominadas popularmente de matrinxãs, se referem aos grandes exemplares, em especial da espécie Brycon amazonicus. Este peixe pode alcançar os 6/7 quilos de peso e distingue-se das demais espécies por apresentar coloração geral levemente dourada ou em tons de cobre ou bronze e apresentar as nadadeiras peitorais, pélvicas e anal enegrecidas, assim como a caudal.      

   Estratégias de arremessos

     Por ser muito cobiçada pelos grandes predadores, como pirararas, jaús, piraíbas e cachorras, é mais comum encontrarmos as matrinxãs amazônicas e da região do Araguaia, nos canais dos rios ou margens e em menor quantidade nos leitos. Obviamente por se sentir mais protegida em águas mais rasas e também pela maior facilidade em encontrar alimentos.

   Podem ser capturadas no entorno de ilhas, ao redor de arbustos, nas confluências de rios menores, mas também sob árvores floridas, com frutos ou sementes.
     Nos rios mais virgens, com presença de grandes peixes, o pescador deverá ter atenção redobrada ao capturar o matrinxã, pois um dos predadores mencionados acima, poderá abocanhá-la durante a briga.

    Já as matrinxãs do São Francisco, são o prato preferido dos grandes dourados, sendo assim, elas serão encontradas também ao redor de ilhas, mas sua preferência é por margens com grande presença de troncos ou árvores semi-submersas.

Sugestões de técnicas e equipamentos:

O equipamento de bait casting

Seja com carretilhas ou molinetes, as linhas de multifilamento com resistência em torno de 30 lbs tendem a ser mais eficientes, tanto pela resistência, quanto pela maior facilidade na fisgada, devido a sua baixa elasticidade.
Varas de 17 libras de ação rápida serão bastante eficientes.
As iscas artificiais como plugs de meia-água de até 10 cm, colheres, spinners, e sticks geralmente são muito atrativas para as matrinxãs.
Como iscas naturais: minhocas, massas, pequenos nacos de carne, coração de boi, frango, pequenos frutos, insetos em geral, são algumas das opções.

O equipamento de fly

    O equipamento classe sete é uma boa opção para a pesca das matrinxãs. Líder de 9 pés (2,74 m), com tippet de0,40 mm  com protetor de aço flexível, pois a matrinxã poderá cortar o tippet facilmente.
    Os streamers, poppers e hair bugs, em geral são muito eficientes, com destaque para os streamers.



       Nos rios amazônicos, as matrinxãs também se alimentam de matupiris ou lambaris na cor preta e prata, muito comuns por lá, sendo assim osstreamers com cores assemelhadas (cinza e preto) apresentam bons resultados, apesar de termos realizado capturas de matrinxãs com iscas de cores mais vivas, como verde-limão, por exemplo.

                                                                   

                                                                                           Matrinxã, Rio Juruena
Apresentação e ação da isca


   Quando os matrinxãs estão claramente se alimentando de frutas, sementes ou flores, neste caso, obter-se-á maior eficiência se as moscas tiverem certa semelhança de cor, formato, tamanho e se possível imitando a queda dos alimentos disponíveis no momento.
Com a água mais transparente, se houver espaço, o pescador de mosca deverá optar pelo back cast, em vez do roll cast, pois assim evitará afugentar os matrinxãs.
   Iniciando com arremessos mais curtos, fazendo varredura em forma de leque para depois realizar arremessos mais longos, também é uma boa estratégia para não espantar os peixes que estiverem mais próximos do pescador.
   Já as matrinxãs do São Francisco, são bem mais ariscas, devido a forte presença de seu maior predador, o faminto salminus franciscanus, sendo assim, para sua captura, o pescador deverá arremessar a menos de 50 cm das galhadas ou arvores semi-submersas comuns em alguns trechos do rio, caso contrário, o peixe não atacará a isca.

Melhores condições de pesca

   Os melhores índices de captura de matrinxãs, certamente ocorrerão com nível da água mais baixo, pois teremos a transparência necessária e maior concentração de peixes no rio, além do menor índice de seletividade, pois a competição por alimentos estará mais acirrada.
   Seja em rios amazônicos, na região do Araguaia, no São Francisco ou mesmo num pesque e pague, pescar matrinxãs será sempre sinônimo de alta esportividade e com equipamento certo, as brigas certamente serão memoráveis.

Trairão no Fly


Trairões no fly, quase ao acaso!

Texto: Alessio Freire
Fotos: arquivo do autor

Seja com iscas artificiais ou mesmo com um pedaço de peixe, fisgar um trairão da bacia amazônica sempre será sinônimo de um bom e inesquecível combate.
Em rios com águas transparentes com muitas pedras e troncos ou lagoas marginais, o pescador deve estar atento a presença desta primitiva espécie, se o peixe for visualizado, a chance de captura será bastante alta, se a isca cair em seu raio de ação, o ataque é certo.
Em andanças pelos rios Juruena, Iriri e Xingú em períodos mais secos, tivemos a oportunidade de localizar alguns trairões desta maneira.
Trairão no fly - Rio Iriri/Pará
 Minha primeira captura de trairão no fly, foi no rio Iriri no sul do Pará, de forma não planejada. Caminhando em suas margens,  tentando capturar alguns matrinxãs, que faziam estardalhaços na margem oposta, procuro um local mais raso para entrar no rio, para então realizar o arremesso com mais facilidade. De repente, vejo a menos de 3 metros a minha frente, em local de pouca profundidade, “ancorada” no leito pedregoso do rio, um trairão com pouco mais de 5 kg que parecia repousar sob o forte sol amazônico da “volta do dia”.
 Já que estava com um streamer montado para matrinxãs e neste, um pequeno empate de aço flexível, resolvi arriscar, mesmo com equipamento classe 6, digamos que um pouco subdimensionado para a situação, já que para pescar trairão nesta modalidade, para maior segurança e poder de alavanca, utilizaria um conjunto 8.
 A distância que o peixe estava da margem era tão pequena, que não arremessei, apenas deixei o líder fora dos passadores e acompanhei a descida da isca até as proximidades da bocarra do trairão, com toques curtos, o pequeno streamer verde limão com cauda branca, “dançava” diante dos olhos do peixe, quinze segundos, foi o tempo necessário para o bicho despertar e se interessar pelo engodo com pouco mais de 5 cm atado em anzol de haste longa n° 2. Nesta situação, fisgar era uma coisa e tirar o peixe da água era outra. Logo que sentiu a força contrária em sua mandíbula, o peixe nadou rápido rio abaixo, começando a tirar com facilidade a linha da carretilha, uma segurada na linha, fez com que o bicho saltasse com meio corpo fora d’água, a vara 6 de 9 pés de ação lenta, envergara ao extremo. Com uns dez minutos de um inesquecível combate, o peixe veio a margem.
Apesar de ter capturado diversas pirararas, bicudas, matrinxãs e tucunarés naquele trecho do rio, o combate com este trairão, utilizando um tippet 0,35 mm com equipamento 6 fora algo realmente inesquecível.
Trairão no fly – Rio Juruena

    Anos depois, ao planejarmos uma pescaria no rio Juruena, o amigo Christian Dalgas, que já realizara várias expedições por aquela região, sugeriu que ficássemos atentos a presença dos trairões. Incluí então na bagagem uma vara de fly de 9 pés classe 8, imaginando que serviria também para a pesca de bicudas, cachorras e matrinxãs mais avantajadas, mas principalmente se encontrasse um trairão, estaria melhor preparado.
Nossa expedição teria a duração de 10 dias, e certamente poderia tentar encontrar uma boa condição para realizar a pesca do trairão no fly.
De início, nossa busca foi por grandes peixes de couro, que a propósito, foi bem sucedida, com piraíbas, piraras e jaús.
Depois nos dedicamos a pesca com iscas artificiais, estávamos embarcados perto de um riacho que desaguava no Juruena,  quando alguns trairões começaram a atacar as nossas iscas de superfície. Mas naquela condição, era praticamente impossível e inviável realizar a pesca de trairões com fly.


Mais tarde, em outro acampamento, fomos até uma pequena ilha para que o Christian realizasse algumas fotos para seu livro sobre a Amazônia, desembarquei na ilha com equipamento de fly, fiz diversos arremessos no pequeno canal, não obtive ações.
Porém ao final de um trecho arenoso, a uns 15 ou 20 metros abaixo da ilha, lá estava uma sombra similar a um pedaço de madeira, aliás um bom pedaço de madeira, mesmo com óculos polarizado, devido a distância, não tinha a certeza de que seria um trairão ou um tronco submerso. Com um streamer preto e vermelho equipado com flash prateado, arrisquei o arremesso, deixando a isca cair lateralmente ao “objeto”, uma puxada curta, duas e na terceira, o “tronco” se mexeu em direção ao streamer, fiz outro movimento, desta vez mais lento e a sombra escura pegou a isca. Que peso ! Parecia um grande enrosco, o peixe era mesmo dos bons. A carretilha logo começa a “gritar”, por sorte, não haviam enroscos nas proximidades.
Foi o maior trairão que tive a oportunidade de capturar utilizando equipamento de fly.
Inesquecível !!!

Pirapitingas no fly


 Pirapitinga do Sul.
Texto: Alessio Freire
   Fotos: arquivo do autor

    

   Com as constantes intervenções da “civilização” na natureza, a brycon opalinus, tem se tornado cada vez mais rara, principalmente devido à degradação ambiental. Suas “irmãs” brycons mais conhecidas são a matrinxã, a piraputanga e a piracanjuba.
    Sua alimentação é composta por insetos, larvas, crustáceos e pequenos peixes, mas também, frutos, flores e até folhas, possuindo então hábito alimentar onívoro.
  Vivendo em águas límpidas, ela possui uma excelente acuidade visual, sendo tão arisca e desconfiada quanto à truta. Porém, mais bem adaptada ao clima tropical, pois diferentemente das trutas, ela sobrevive em águas com temperaturas superiores a 19° centígrados.


A Pirapitinga com seu corpo alongado e grande cauda, possui características marcantes: Uma mancha escura pouco antes da nadadeira caudal e força desproporcional ao seu tamanho.



O riacho da Biboca

   Para encontrá-las fomos ao riacho da Biboca, pertencente a Bacia do Rio Grande, ele fica “escondidim” em meio às serras próximas aos municípios de Guapé e Capitólio, no interior de Minas Gerais.

   Trata-se de um curto trecho preservado, que em parte se deve ao proprietário da fazenda Coromandel, Sr. Ivanir, que não deixa ninguém matar pirapitingas por lá, e por outro lado, a partir deste ponto até sua nascente, não há áreas de cultivo e nem habitações em suas margens, devido ao relevo acidentado.

  Rio abaixo, ainda é possível encontrar alguns pontos de pesca, que vão se tornando mais escassos à medida que o riacho se aproxima do lago de Furnas, no município de Capitólio(MG). Através de imagens de satélite, observamos diversas plantações em suas margens, que provocaram o desmatamento ciliar, assoreamento e falta de condições biológicas para a sobrevivência da espécie.
  

Pescando no ribeirão da Biboca
  
 
  Após uma boa prosa com o Sr. Ivanir, proprietário das terras onde fica este trecho do riacho da Biboca e a cachoeira do Lobo, iniciamos uma caminhada por uma trilha beira rio por cerca de 400 metros até a cachoeira. Vez por outra, era possível visualizar uma Pirapitinga, que tão logo notava nossa presença, nadava para debaixo das pedras. Tão ariscas quanto às trutas.
  A cachoeira do Lobo é muito procurada por banhistas, por isto, agendamos nossa pescaria para um dia de semana.
Nesta pescaria foi à família toda, até a dálmata. Depois de 30 minutos de caminhada num cenário exclusivo, chegamos ao ponto final. A exuberante cachoeira do Lobo, com uma queda livre de quase 5 metros, onde se forma um grande poço. Ali a pirapitingas se agrupam para esperarem os alimentos que vem da grande queda d’água.


Pescando com fly

  Como já havia pescado por lá em outras oportunidades, notei que os resultados eram melhores quando a isca podia ser arremessada logo “nos pés” da cachoeira. Porém com o vento frontal advindo da queda d’água, realizar estes arremessos era um desafio.
  Já sabendo desta dificuldade, para obter arremessos mais longos, utilizei uma vara de fly classe 6, porém com 10 pés (3,05 metros) de comprimento com linha sinking.
  Um pequeno streamer lastreado verde limão de atado próprio e uma tradicional Black Matuka renderam bons resultados.
  Em outros trechos do rio, sem fortes ventos frontais, equipamentos de fly classe 2 a 4 são ideais para a pesca de pirapitingas.

As capturas

  Na cachoeira, começo arremessando o streamer verde limão atado em anzol de haste longa nº6, com a expectativa de testar a nova isca levemente lastreada. Consigo colocá-la na queda d’água, depois de afundar um pouco, dou início ao recolhimento em velocidade média, e de cara uma Pirapitinga se encanta com a isca e nada velozmente em direção ao poço, para em seguida escapar.

  No segundo arremesso, a pegada típica e a corrida rápida inauguraram minha vara de mosca, fazendo arquear o longo caniço de 4 partes. Como o poço era largo, a briga com a Pirapitinga podia ser curtida tranquilamente, sem riscos de enroscar ou de passar a linha por entre pedras.
 As investidas abruptas, não deixavam dúvidas, havia um grande peixe esportivo na outra ponta da linha.
 Era um indicativo de que a pescaria seria promissora, e foi!
Ao arremessar, esperava cerca de 5 a 10 segundos, para o afundamento da linha e da isca, em seguida iniciava o recolhimento com velocidade variando de
média a rápida, em ambos os casos as pirapitingas atacavam.

  Como as pirapitingas já são ariscas, por serem mineiras, estas ainda pareciam ser mais desconfiadas, sendo assim, após alguns arremessos era preciso trocar a isca e assim variando entre uma e outra, foram várias capturas ao longo do dia.
A Luna também curtiu o passeio

  Em outros trechos do rio, ainda com fly, o ideal é utilizar varas mais curtas, de 7’3” pés por exemplo, para facilitar os arremessos sob árvores.
Neste caso o líder deve ser  transparente e ter o mesmo comprimento da vara.
  Com linha floating é possível experimentar alguns dry flies (moscas secas) que flutuam, nestes casos, as capturas serão ainda mais emocionantes.
  Para pescar em trechos mais estreitos do rio, o pescador deve tomar muito cuidado nas aproximações dos pesqueiros, caso contrário a pirapitinga nadará para debaixo de uma pedra e não sairá de lá tão cedo.

 

Dicas:

-Veículo: O acesso é feito por estrada de terra, por isto evite utilizar veículos muito baixos.

-Período: De outubro a março a pescaria é mais promissora, mas é possível pescar o ano todo.

-Hospedagem: Na própria fazenda há uma pousada com restaurante e área de camping, procure saber antes se terão banhistas na pousada.

- Outras pescarias próximas: Devido à proximidade com o lago de Furnas, vale a pena dispor de um tempo extra para se dedicar a uma pescaria de tucunarés, seja em Capitólio ou Guapé.


 Fortemente ameaçada de extinção, a Pirapitinga somente sobrevive em riachos oligotróficos, que pode ser traduzido em uma condição original (anterior aos impactos humanos) já denominada por alguns de era oligotrófica.
São águas que apresentam muito baixas concentrações de nutrientes, especialmente compostos de fosfato e azoto.
Diante desta  situação, praticar o pesque solte é primordial para evitar a extinção da espécie.
Equipamentos:

Flyfishing – Classes 3 a 6.Para a pesca na cachoeira comprimento de 9 a 10 pés. Para linha sinking ou sinking tip: líder de 1,5 metros e tippet 0,30mm
Para linhas floating: Lider de 1,80 a 2,2 metros com tippet 0,20 ou 0,25mm
 Para  trechos mais estreitos, varas com comprimento de 7’3” a 7’6” pés
Iscas: streamers, dry flies, ninfas, terrestres e imitação de gafanhotos

Pesca de Tabaranas - Rio Sapucaí - MG


 Tabaranas no Rio Sapucaí-MG
Texto: Alessio Freire
Fotos: Arquivo do autor

Para os adeptos da pesca esportiva, pescar tabaranas é sinônimo de boas brigas e de ações inusitadas, principalmente quando encontramos as grandes.
Um dos bons locais para encontrarmos estes peixes é na região do Sul de Minas, um dos destaques é o  rio Sapucaí, que nasce na Mantiqueira e deságua no lago de Furnas.
Para pescar com iscas artificiais o ideal é a partir de maio/junho, seguindo até setembro/outubro, dependendo do ciclo das  chuvas.

Na estrada que liga Paraguaçú (MG) à Elói Mendes (MG) é possível ter acesso ao rio e até pescar suas margens, mas a situação para a pesca fica relativamente restrita.
Navegar no Sapucaí sempre é um desafio, não há rampas de acesso e o rio é só pedras. Sendo assim, o ideal é utilizar uma pequena embarcação de aluminio, que possa ser carregada até as margens do rio, ou até mesmo um barco inflável.
Como acessórios indispensáveis: uma âncora, um remo e coletes salva vidas. No caso da âncora, o objetivo não é apenas a ancoragem da embarcação para fins de pesca, mas também para uma eventual situação de emergência, onde não sendo possível realizar manobras com o remo, o melhor mesmo é lançar âncora, principalmente perto de fortes corredeiras.
Para desembarcarmos, optamos pelo acesso entre as cidades de Paraguaçu e Elói Mendes (MG), em local próximo a BR 491 onde há uma ponte sobre o Rio Sapucaí.

Os melhores horários e locais.
Assim como o dourado, a tabarana se mostra mais ativa pela manhã e ao final da tarde, apesar de haver possibilidade de capturas ao longo de todo o dia.
Por terem os mesmos hábitos alimentares dos dourados, se alimentando de peixes menores, elas se posicionam ao longo dos rios, em locais similares: principalmente antes das corredeiras, cachoeiras e em torno de pedras, no meio ou ao final das corredeiras, algumas vezes podem ficar nas saídas de canais mais rasos, onde também conseguem capturar suas presas facilmente.
A escolha do equipamento de Baitcasting.

Em um rio de menor porte, com corredeiras moderadas, uma vara de ação rápida com 14 libras, será suficiente. Já em rios maiores, como o Sapucaí, com fortes corredeiras, uma vara de 17 libras também de ação rápida é a mais recomendada.
Em ambos os casos, linhas de multifilamento de 25 a 30 libras são bem vindas, pois permitirão ao pescador conter o peixe com maior facilidade, caso ele desça por uma forte corredeira.
Carretilhas de perfil baixo são mais ergonômicas para se pescar com iscas artificiais, a capacidade de linha deve ser ao menos de 80 metros.

Os plugs.
Os de meia água são os mais eficientes, porém, aqueles que apresentam um melhor equilíbrio em meio às fortes correntezas  são os mais indicados. Em locais de maior profundidade, os plugs de barbela longa, também são eficientes.

Dependendo do local, do porte do rio e até mesmo da possível presença ou não de dourados neste mesmo rio e evidentemente do tamanho das tabaranas, as iscas variarão de 5 até 10 cm.
Cores vivas como o verde limão e Fire Tiger merecem destaque, assim como outras com tons prateados ou cores similares as presas que vivem  naquele determinado habitat.
Trabalho de isca.
Rara variação de cores...barbatanas amareladas...
Neste quesito não há muitos mistérios, pois a tabarana atacará tanto em ação contínua como intermitente, desde que a velocidade de recolhimento não seja muito baixa.
“Pé de aço” usar ou não?
Fica a critério de cada pescador. Com ele, as chances do peixe cortar a linha são nulas, mas seu uso altera um pouco a ação da isca. Particularmente, prefiro não utilizar, pois uma boa linha de multifilamento já “segurará às pontas”.
A Super esportiva tabarana...

Flyfishing.
Para rios menores, varas classe 5 a 6 com 7´6” a 9 pés de comprimento.
Para rios maiores com águas mais rápidas, podem ser utilizadas varas de até classe 8, com 9 pés.







Streamers atados em anzóis de haste longa tamanho 2 e 4, preferencialmente lastreados. As cores verde limão,  prata, preto com cinza ou vermelho são muito eficientes.
Linha sinking tip, intermediate ou sinking.
Lider de 5 a 6 pés.
Protetor de aço flexível de 5 a 7 cm.








Distâncias:
São Paulo – 390 km
Belo Horizonte: - 380 km
Rio de Janeiro – 450 km